O Ministério da Saúde, em parceria com o World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fiocruz (antigo Eliminar a Dengue – Desafio Brasil), dá mais um passo no combate à dengue, Zika, chikungunya e febre amarela, com o anúncio da expansão do método Wolbachia em três cidades brasileiras: Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). O anúncio foi feito hoje, 15 de abril, pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante o evento Atualização em Manejo Clínico da Dengue e febre do chikungunya e no controle vetorial do Aedes aegypti, realizado na Escola de Saúde Pública (ESP – MS).
A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza. Ela foi inserida em ovos de Aedes aegypti na Universidade de Monash, na Austrália, onde se identificou que, uma vez presente nestes mosquitos, a capacidade de transmissão das doenças fica reduzida. O método é seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das células dos insetos.
O WMP iniciou estudos no Brasil em 2012, com início das liberações nas áreas piloto (Jurujuba - Niterói e Tubiacanga – Ilha do Governador, em 2015). Em novembro de 2016, deu início a liberação em larga escala, em Niterói; e em agosto de 2017, no Rio de Janeiro. O projeto envolve o apoio do Ministério da Saúde, da Fundação Bill e Melinda Gates e do National Institutes of Health. Desde 2011, as três instituições investiram na pesquisa cerca de R$ 31,5 milhões. Deste montante, R$ 10,3 milhões foram repassados pelo Decit/SCTIE/MS e R$ 6 milhões pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Além do Brasil, a implantação do método foi realizada em mais 11 países.
De acordo com a diretora do Decit/SCTIE/MS, Camile Sachetti, o Departamento apoia a pesquisa desde o início. “Estamos satisfeitos com os resultados obtidos até o momento e felizes com este importante passo que a tecnologia dará para sua implementação. A parceria com a SVS/MS tem dado bons frutos e esperamos que a ampliação do projeto reduza os casos de arboviroses nestas três cidades”, diz.
A previsão é que a nova metodologia comece a ser implementada nos territórios a partir do segundo semestre de 2019, e tenha a duração de três anos. Com a ação, mais de 2 milhões pessoas podem ser beneficiadas. Durante o evento, houve uma palestra do pesquisador e líder do WMP no Brasil, Luciano Moreira, que explicará a proposta do método Wolbachia com o tema: Utilização do mosquito com Wolbachia em município acima de 500 mil habitantes.
De acordo ele, a técnica utilizada é segura para as pessoas e para o ambiente. “Não há risco de interferência deste trabalho em outras pesquisas e ações que visam o controle dos mosquitos e de doenças transmitidas por eles. Nosso objetivo é proteger toda as comunidades deste município dessas arboviroses”, afirma Luciano.
As liberações de mosquitos são precedidas por uma série de ações educativas e de comunicação, com o objetivo de informar a população sobre o Wolbachia. Esta etapa tem o apoio e a participação de parceiros do WMP no território, como lideranças comunitárias e associações de moradores, unidades de saúde, escolas e organizações não-governamentais.