O Ministério da Saúde, por intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE), em parceria com o Hospital do Coração (HCOR), promoveu uma ‘Oficina de Validação de Instrumentos e Diretriz Metodológica de Síntese de Evidências para Políticas de Saúde’. Realizado nos dias 14 e 15 de Fevereiro, em Brasília, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), o evento reuniu profissionais de diferentes áreas e instituições do Brasil.
“A construção desse painel de especialistas tem o objetivo de formar uma massa crítica especializada que vai sugerir e discutir, à luz das evidências científicas, dois instrumentos e uma diretriz metodológica que vão auxiliar na formulação, elaboração e implementação das políticas de saúde”, explica a Analista-Técnica de Políticas Sociais do Decit/SCTIE/MS, Daniela Fortunato.
As Sínteses de Evidências para Políticas de Saúde buscam reunir as melhores evidências científicas disponíveis no âmbito global e local, direcionados a elencar opções para enfrentar problemas de saúde prioritários, abordando os benefícios, danos potenciais, custos, aspectos de equidade e considerações sobre a implementação das opções, apontando possíveis adaptações a serem realizadas nas perspectivas dos usuários do sistema de saúde.
“Mundialmente, o uso de evidências é considerado prioridade para formulação de políticas bem informadas e efetivas. O que pretendemos com essa diretriz é orientar e padronizar a elaboração e condução de sínteses de evidências para políticas no Brasil, de forma sistemática e transparente, que possam subsidiar os tomadores de decisões, sendo um guia prático para uso e consulta de pesquisadores, gestores, profissionais de saúde e usuários”, acrescenta Daniela Fortunato.
EVIPNET - Integrante do Painel de Especialistas e mediador da oficina, o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Brasília, Jorge Barreto, considera a criação um marco; e destaca a importância da Rede para Políticas Informadas por Evidências (EVIPNET), coordenada pelo Decit. “Trata-se de um grande avanço e isso é fruto do trabalho que já vem sendo desenvolvido há uma década pela EVIPNET”, ressalta. A Rede vem implementando e capacitando Núcleos de Evidências (NEv) para contribuir com o uso das melhores evidências científicas na elaboração, implantação e monitoramento de políticas nos diferentes níveis da organização pública.
Para Barreto, um dos principais desafios para a elaboração de uma diretriz que visa apoiar o uso de evidências é a implementação e disseminação da mesma. “A elaboração da diretriz é importante e acreditamos que atraia interesse, mas a criação dela não é suficiente para garantir que seja conhecida e utilizada. Não basta, portanto, lançarmos essa diretriz, mas precisamos planejar como vamos disseminá-la, como vamos apoiar as pessoas diante das expectativas de uso dessa ferramenta. Além disso, é importante acompanhar o que ocorrerá depois que ela passar a ser utilizada. Isso será fundamental para que possamos avaliar os possíveis benefícios que ela pode trazer à saúde pública”.
A professora da Unifesp e coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias de Saúde (NATS) do Sírio Libanês, Rachel Riera, concorda. “Já evoluímos muito na área de ATS, mas ainda não tínhamos conseguido avançar na questão da disseminação desse conhecimento, tendo como perspectiva quem vai usar a ferramenta. Ela será útil justamente para que possamos dar o próximo passo, que é avaliar a implementação e a disseminação dessas evidências”, afirma.
Para a pesquisadora e bibliotecária do HCOR, Mabel Figueiroa, a possibilidade de troca de experiências tem sido um processo enriquecedor. “Temos nesse GT profissionais de diferentes áreas e com experiências distintas. Essa troca de saberes e visões é extremamente válida não só para a construção dessa diretriz, mas para o nosso próprio conhecimento”, considera Mabel.
Participam do encontro, além dos citados acima, representantes da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, da Universidade São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Centro de Excelência do Instituto Joanna Briggs, do Instituto de Saúde de São Paulo e do Instituto Veredas. A próxima ação será a realização uma nova oficina, ainda sem data definida, para finalização dos documentos e discussão do capítulo de tradução e disseminação do conhecimento.